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quinta-feira, 31 de março de 2011

TRÊS MOTES COM GERALDO AMÂNCIO E SEVERINO FEITOSA E UM CORDEL DE LUIZ RODRIGUES LIRA



Geraldo Amâncio e Severino Feitosa improvisando sobre o mote:
Se não fosse a viola, o que seria
dos lamentos do povo do sertão

Geraldo Amâncio
Um ouvinte me pega de surpresa,
num bilhete mandou o seu recado,
que o poeta é um advogado
defendendo os lamentos da pobreza,
ele canta o poder da natureza
o inverno, a chuva e o torreão,
terra seca, o roçado e o verão,
pensa, toca, se inspira, canta e cria.
Se não fosse a viola o que seria
dos lamentos do povo do sertão.
Severino Feitosa
A viola é o único instrumento,
pra o poeta cantar sua saudade,
pra falar da fazenda e da cidade
da poeira, do sol, da chuva, o vento,
o poeta utiliza o pensamento,
pra mostrar sua doce inspiração,
descrevendo os costumes e tradição
tudo o quanto existir na sertania.
Se não fosse a viola o que seria
dos lamentos do povo do sertão.
Geraldo Amâncio
Eu já disse num verso no passado,
que o pobre sem água na parede,
entra seca, sai seca e sente sede,
com a seca ele estava acostumado,
e o inverno este ano está pesado,
já começa matando a plantação,
se o bicudo vier mata algodão,
a aftosa destrói a vacaria.
Se não fosse a viola o que seria
dos lamentos do povo do sertão.
Severino Feitosa
No sertão tem o povo sofredor,
que trabalha sofrendo toda hora,
que precisa de ajuda e da melhora
de um governo que seja defensor,
e num legítimo poeta cantador,
que dedilha e decanta uma canção,
recheada de som e emoção,
promovendo beleza e alegria.
Se não fosse a viola o que seria
dos lamentos do povo do sertão.

Geraldo Amâncio e Severino Feitosa improvisando sobre o mote:
A SEXTILHA AINDA É
O MELHOR DA CANTORIA
Geraldo Amâncio
Gosto de ouvir cantar
repentista quando brilha,
que se inspira na sextilha,
e é bom em todo lugar,
não gosto de beira mar,
e quando eu voltava ela ia,
nem coqueiro da Bahia,
mas se diz com toda fé.
A sextilha ainda é
o melhor da cantoria.
Severino Feitosa
Se mostra a inspiração
no nordeste brasileiro,
o poeta violeiro,
Marinho, Dimas, Cancão,
cantaram muita canção
com Elizeu Ventania,
Xudu e José Maria,
Zé Sobrinho e Josué.
A sextilha ainda é
o melhor da cantoria.
Geraldo Amâncio
Cantador canta ligeiro,
evolui no pensamento,
tocando o seu instrumento,
sem mudar o seu roteiro,
como Pinto do Monteiro,
o maior da maestria,
fazendo como fazia
Patativa do Assaré .
A sextilha ainda é
o melhor da cantoria.
Severino Feitosa
Deve ser inteligente
com a nossa qualidade,
pra falar de tempestade,
oceano e continente,
lua, estrela, sol nascente,
chuva, nuvem, ventania,
planta, terra e serraria,
esperança, vida e fé.
A sextilha ainda é
o melhor da cantoria.
Geraldo Amâncio
A minha cantiga brilha,
porque eu sou sextilheiro,
eu canto sempre ligeiro,
repentista não me humilha,
um cantador sem sextilha
é como um pagão sem pia,
é como um cego sem guia,
como xícara sem café.
A sextilha ainda é
o melhor da cantoria.

Geraldo Amâncio e Severino Feitosa improvisando sobre o mote:
NUNCA MAIS FIZ CANTORIA
NO CLARO DA LAMPARINA

Geraldo Amâncio
Tem quase uma vida inteira,
que eu não tou mais avistando
uma criança brincando,
com bodoque ou baladeira,
não fui mais à capoeira,
nem ouvi mais a buzina
da cigarra nordestina,
no pingo do meio dia.
Nunca mais fiz cantoria
no claro da lamparina.
Severino Feitosa
O sítio modificou,
sobra cama e falta rede,
e o nosso pé de parede
agora chamam de show,
pra todo canto que eu vou
tem a luz Paulo Afonsina,
tanto faz ser em Campina,
Patos e Santa Luzia.
Nunca mais fiz cantoria
no claro da lamparina.
Geraldo Amâncio
Pisando no barro duro,
eu na minha vizinhança,
menino sem esperança,
sem presente e sem futuro,
comia juá maduro,
era a melhor vitamina,
via bolo de resina,
no tronco da árvore fria.
Nunca mais fiz cantoria
no claro da lamparina.
Severino Feitosa
Eu via no meu lugar
pai improvisar repente
e o povo na minha frente,
eu chamava pra pagar,
eu doido pra namorar
com qualquer uma menina
e o bolo de brilhantina
por minha testa descia.
Nunca mais fiz cantoria
no claro da lamparina.
Geraldo Amâncio
Me criei num barracão,
sem linguagem poliglota,
minha mãe era devota
do Padre Cícero Romão,
sabia muita oração,
cumprindo a santa doutrina,
toda camponesa ensina
Padre Nosso, Ave Maria.
Nunca mais fiz cantoria
no claro da lamparina.
Severino Feitosa
Era grande inspiração
dos poetas cantadores,
no meu Pajéu de Flores,
que era minha região;
se ouvia bela canção,
nossa moda genuína,
Pai dizia só termina
quando amanhece o dia .
Nunca mais fiz cantoria
no claro da lamparina.
Geraldo Amâncio
Naquela época passada,
à festa eu ficava preso,
era um lampião aceso
na forquilha da latada,
ia até de madrugada
cantoria nordestina,
nem a luz Paulo Afonsina
nesse tempo não havia.
Nunca mais fiz cantoria
no claro da lamparina.

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