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segunda-feira, 28 de março de 2011

O MATUTO E O BOLSA FAMÍLIA






O sertão está bonito com as chuvas, mas o sertanejo está preguiçoso como nunca. Não vi um pé de coentro plantado daqui até Patos, mesmo estando a terra mole de chuva e o matagal, antes cheio de garranchos, coberto com o manto verde do inverno.
Para não dizer que o matuto está sem atividade agrícola, confesso que alguns ficam nas margens da estrada vendendo umbu, o doce umbu da umbuzada com leite e açucar, que desce de goela abaixo com sabor de quero mais. O umbu, porém, contudo e todavia, é fruta do mato, que dá sem precisar de cuidados, o seu pé não foi plantado, nasceu, de modo que a venda do seu fruto representa mais o estado parasita do vendedor do que uma atividade agrícola.
Sim, tem também os vendedores de pinhas de Juazeirinho, as doces pinhas que se come apenas uma vez por ano, durante a safra. Mas as pinhas de Juazeirinho são históricas, dão no inverno e no verão e, iguais aos umbus, não carecem da mão do agricultor para safrearem.
Dizem que a culpa é do bolsa família de Lula e de Dilma, que dá dinheiro ao matuto ao fim de cada mês. O matuto, dependendo do número de filhos, recebe o salário mais polpudo. Para cada filho, um valor. Assim, em vez de plantar ele mete a madeira na mulher, um filho todo ano, uma trepada toda noite e para cada orgasmo um aumento.
Para que plantar, puxar cobra para os pés, enfrentar o sol a pique, a incerteza das chuvas, o calo nas duas mãos e o envelhecimento precoce se tem dinheiro fácil correndo de Brasília até aqui? Com uma vantagem: o sujeito só precisa endurecer a rôla e enfiar no buraco quente da patroa, esperar nove meses para a plantinha dar sinal de vida e, aí, ter aumento de renda. Melhor que ser funcionário público, esse ser em extinção, que não vê cor de aumento há mais de década.

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