O Padre Levy é uma figura folclórica. Na igreja ou na política, deixou sua marca registrada, com tiradas hilárias.
Quando candidato a prefeito de Patos, derrotado, fez de tudo para ganhar e apelou para atitudes ainda hoje lembradas, como por exemplo a famosa passeata dos jumentos, que sacudiu a cidade. Como tinha pouco dinheiro para gastar na campanha, em todos os comícios dizia: “ferre o boi e vote no padre”, numa alusão aos outros candidatos, mais abonados.
A respeito da célebre passeata dos jumentos, há aquela quadrinha do sanfoneiro e poeta Manoel Valadares, que tocava na campanha de Durval Fernandes, seu adversário: “Passeata de jumento/não ganha eleição aqui/o xexéu já beliscou/a goiaba do Levy”.
Mas, vamos ao que interessa. Levy, que chegou a ser deputado estadual foi também Prefeito de São José do Bonfim, e é justamente lá que se desenvolve o fato seguinte:
Além de Prefeito, o Padre Levy Rodrigues, era vigário da freguesia. Uma missa por mês, era o bastante para reunir o seu rebanho. Nessas ocasiões, celebrava batizados, casamentos, sem esquecer que também, é claro, confessava os “fiéis” pecadores.
Antes das cerimônias de casamento ele costumava confessar os nubentes. Numa dessas ocasiões, um noivo, residente pras bandas do sítio São Bento, ao debulhar seus “escorregos”, perguntou ao reverendo se era proibido pelas leis de Deus, tirar filhotes de cancão e levá-los, ainda novinhos, para criar.
Ora, é sabido que não é fácil tal oportunidade. Há até por essas bandas um ditado que diz, quando a solução de algum problema manifesta-se complicada: “tá mais difícil do que ninho de cancão”.
Doido por passarinhos, o padre foi logo perguntando:
- E onde, filho, você viu esse tal ninho?
- Foi bem ali, perto daquele bueiro que sai do sítio de João Dino, do lado esquerdo de quem vem, num pé de oiticica.
E ele:
- Meu filho, tirar filhotes de cancão do ninho é um dos maiores pecados da humanidade. Esqueça, pelo amor de Deus, que existe esse ninho.
Terminada a cerimônia, todos foram comemorar na casa da noiva, que morava na cidade e Levy, impaciente, alegou motivo importante e saiu cedo.
O noivo que viajaria a São Paulo onde tentaria a vida, antes de partir passou pelo local e encontrou o ninho vazio. Descobriu, desapontado, que o padre havia cometido o “maior pecado da humanidade”.
Anos depois, já de volta de São Paulo, os dois se encontram e travam o seguinte diálogo:
- Oh, meu filho, por onde andou esse tempo todo que nunca mais nos encontramos?
- É, padre, eu voltei de São Paulo e estou morando em Patos.
- E você mora em que rua?
- Digo não, padre. O senhor tá pensando que minha casa é ninho de cancão?!!!
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